《Bruxas da Noite》Capítulo 11 - Bruxas Urbanas
Advertisement
Quando procurei no diário entradas sobre bruxas, uma em particular chamou-me à atenção. Quando pensamos em bruxas, pelo menos em Portugal, vêm-nos à cabeça imagens de mulheres em volta de fogueiras num campo abandonado ou no meio da floresta, ou curandeiros e adivinhos populares que atendem clientes nas suas caves ou em pequenos anexos. Esta entrada, porém, falava de um grupo de bruxas do Porto que se encontrava num salão de chá no coração desta que é a segunda maior cidade do país.
Não é de admirar, portanto, que, depois da entrada mais óbvia, a de Montalegre, eu tenha decidido investigar esta.
Um dia em que estava sozinho naquela cidade em trabalho, aproveitei um intervalo grande entre as minhas reuniões da manhã e da tarde para visitar o referido salão de chá.
Com a ajuda do GPS do meu telemóvel, lá encontrei a morada. Deparei-me, então, com um problema. A entrada no diário tinha vários anos, e o salão de chá já não existia. No seu lugar, erguia-se, agora um pequeno centro comercial.
Estacionei num parque próximo e entrei. Talvez conseguisse encontrar alguma pista que me indicasse qual era o novo ponto de encontro das bruxas.
Mal passei a porta, apercebi-me que aquele não era um centro comercial comum. Em vez de lojas de roupa, bijuteria, tecnologia e artigos desportivos, como na maioria de estabelecimentos do género, este tinha lojas de esoterismo, maquilhagem natural, comida biológica e artigos culturais.
Percorri os corredores e subi as escadas até ao segundo andar. Foi então que me deparei com o que procurava: um salão de chá com o mesmo nome daquele onde as bruxas se reuniam. Deviam ter reaberto no centro comercial depois de este ter substituído o salão original.
Entrei e sentei-me numa mesa. A decoração era bastante moderna: cadeiras ovais brancas, sofás de pele, mesas de um só pé. Até os pedidos eram feitos através de tablet pcs embutidos em colunas ou através de um qualquer smartphone graças a QR codes impressos nas caixas de madeira dos guardanapos.
Advertisement
Pedi um chá e uma tosta, que consumi relaxadamente, enquanto observava os clientes que entravam e saíam. As idades pareciam variar entre os vinte e os cinquenta e, a julgar pelas roupas, eram todas pessoas de algumas posses. Na sua maioria, eram mulheres, embora não por muito.
Durante a cerca de meia hora em que estive ali sentado, notei algo que, se não soubesse o que estava a procurar, me teria passado desapercebido. Sozinhas ou aos pares, sete mulheres na casa dos trinta, todas elas de saltos altos, bem vestidas e maquilhadas e com cabelos meticulosamente cuidados, entraram e, sem hesitar, dirigiram-se imediatamente para o andar de cima.
Felizmente, o sinal para o WC apontava para lá, pelo que tinha a desculpa perfeita para subir e confirmar as minhas suspeitas.
Subi as escadas de ferro e madeira. No topo, deparei-me com uma sala em tudo semelhante à de baixo. Das sete mulheres, contudo, não havia nem sinal.
Cuidadosamente, tentando não chamar demasiado à atenção, pois não sabia se estava a ser filmado, tentei perceber para onde podiam ter ido. No corredor que levava às casas de banho, encontrei uma terceira porta com o comum sinal dizendo "Proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço". Era o único local onde, aparentemente, as possíveis bruxas se podiam ter escondido.
Encostei silenciosamente o ouvido à porta, mas não ouvi nada. Lentamente, abri uma pequena frincha e espreitei. Assim que um pouco de luz dissipou a escuridão do outro lado, vi umas escadas que levavam até uma outra porta, mais acima. Fechei a primeira atrás de mim e acendi a lanterna. Tendo cuidado para não fazer barulho, comecei a subir.
Apenas alguns degraus depois, ouvi um cântico. Quanto mais subia, mais este se intensificava. Assim que encostei o ouvido à segunda porta, apercebi-me que vinha de trás dela. Era ali que as bruxas se reuniam, não havia dúvida.
Advertisement
O cântico durou mais uns quinze minutos. Após uns momentos de silêncio, uma voz distante e aguda perguntou:
- Que querem de mim?
Devia tratar-se de algum espírito ou criatura que o ritual invocara.
- Tu vês mais do que qualquer uma de nós. Chamámos-te aqui para responderes às nossas perguntas - disse uma voz feminina, certamente pertencente a uma das bruxas.
Uma a uma, as mulheres puseram as suas questões. Confesso que fiquei desiludido. Com todos os mistérios sobre a história e o universo que podiam tentar deslindar, as suas perguntas foram do mais básico possível. Com quem é que fulana andava a trair o marido? Onde sicrano foi buscar dinheiro para comprar um Mercedes novo? Como fulano conseguiu conquistar a atual mulher quando era tão feio?
Fofoquices! Pessoas como aquelas não podiam ser as Bruxas da Noite. Preparava-me para ir embora, quando ouvi a voz aguda e distante dizer:
- Gostavam de saber quem está atrás da porta?
Virei-me para fugir, mas tinha apenas descido três degraus quando a porta se abriu atrás de mim e algo me empurrou. Caí pelas escadas, embatendo contra a porta inferior.
Atordoado e dorido, senti várias mãos pegarem em mim e arrastarem-me pelos degraus acima.
Após alguns minutos de recuperação, as tonturas e a névoa diante dos meus olhos dissiparam-se. Estava, agora, num pequeno quarto sem janelas, iluminado por mais de uma dezena de velas. Havia ali uma estranha mistura entre o moderno e o antigo. Tablets, no ecrã das quais se podiam ver páginas com textos escritos em estranhos caracteres, repousavam sobre um tapete gasto e cheio de marcas de queimado. No seu centro, ardia um pequeno braseiro, cujas chamas se agitavam com o sopro do ar condicionado. Cadeiras modernas, iguais às usadas no salão de chá, misturavam-se com armários que pareciam saídos de antiquários e continham uma infinidade de instrumentos ancestrais.
Sentadas no tapete, as sete mulheres rodeavam-me. Todas elas agora levavam ao pescoço amuletos enormes com um ar antigo e gasto, contrastando marcadamente com os seus vestidos modernos e saltos altos.
- Quem és tu? - perguntou-me uma das bruxas. - E porque nos estavas a escutar?
- Ando à procura das Bruxas da Noite. Conhecem-nas?
- E quem são essas? - perguntou outra bruxa. - Algumas parolas que andam por aí de noite montadas em vassouras?
As suas companheiras riram-se.
- Não nos damos com gentinha dessa - acrescentou uma terceira bruxa. - Só se for mesmo preciso.
- Agora, temos de decidir o que fazer contigo.
- Deixamo-lo ir - disse a primeira bruxa que falou.
- E se ele conta a alguém? - perguntou a mulher que levantara a questão.
- Olha para a roupa dele - respondeu-lhe a companheira. - Achas que alguém vai pôr a palavra de um Zé Ninguém como ele acima da nossa? Ia dar-nos mais problemas desfazermo-nos dele.
- Tens razão - disse outra bruxa. - Vai-te lá embora. Mas não voltes!
Assim fiz. Aquelas não eram claramente as Bruxas da Noite, pelo que não tinham qualquer interesse para mim.
Fui à casa de banho de um café próximo do centro comercial para limpar o fato e as minhas feridas da queda e encaminhei-me para a minha reunião da tarde. Ao contrário do que ocorrera nas minhas explorações anteriores, esta não suscitou nenhum pensamento ou pergunta. Aquelas bruxas eram inúteis para deslindar o mistério que perseguia.
Advertisement
- In Serial6 Chapters
The Gods' Game (An epic fantasy LitRPG)
The start of an epic LITRPG fantasy adventure...Of a game played between gods where the playing field is the world itself and the pieces, living beings. A young man is caught unwittingly between, in a strange world, without allies or help, and must battle for survival using his wits and magic alone.Pawn or Player...his fate is his to decide...which will he prove to be?Accidentally summoned from Earth to the world of Myelad, Kyran becomes embroiled in an eons-old war between the gods. Earning their ire, he is sentenced to die. To escape the gods’ trap, Kyran must become a player in their game that even the gods would learn to fear...For those who enjoy epic tales of fantasy, this is a coming-of-age story of Kyran Seversan, a young man from Earth, stranded in another world where magic not only exists, but is part of an elaborate game between immortals.Enter the world of Myelad and join Kyran on his epic journey! Book 1 - 5 of the Gods' Game have already been released on amazon. You can grab them here! Or you can wait to read the story on Royal Road as I release chapters of Crota, Book 1 of the Gods' Game over the next few weeks. Hi, I am Rohan Vider and the author of the Dragon Mage Saga and the Gods' Game, both of which have been previously published on Amazon. If you want to support my writing, you can find the Gods' Game here! or followe me on Patreon. I hope you enjoy the story. Happy reading! Release Schedule Book 1: Two per day going forward.
8 112 - In Serial33 Chapters
Scene Unlocker
A reincarnated prince with power of friendship straight out of a dating game, and he'll use it to gather a harem and a band of brothers, to defeat the big bad guy that's coming in three months! This is the adventure of Prince Carlos & his team against the monsters. Tags : Galge
8 270 - In Serial9 Chapters
Cliché Fantasy I
Love..— An illusion Trust..— A fragile thing Family..— A web of lies Truth..— A betrayal Warm memories of a happy, loving family shattered. They - the pillars that once held you aloft, crumbled unnoticed. The only thing left were the broken pieces of glass from a distant memory - a distant nightmare. That is until even those were forcefully shoved down your throat along with the bile that oozed from the wounds that bled your heart dry the moment you learned everything. You, a fragile existence. A shattered being, completely broken and lost. Your persistence in living hell abruptly ended by an unwanted escape. Then after the darkness, a new beginning. Unbound, unshackled. Free. 'Now then, what are you gonna do?'
8 131 - In Serial8 Chapters
Cyberblade Plasma
Ken Ouroboros was a disaster child. From the moment he was born, he set everthing and anything he touched into absolute chaos. Known for hating rules and cockily challenging authority, Ken was on the brink of being sent to jail for his brazen misdemeanors. But when a man gives him access to Cyberscape, a game set 1000 years in the future where thousands of online players fight over a large galaxy, he gets the most powerful weapon the "Cyberblade Plasma" from a loot box at level 1! Cyberblade Plasma is a nonstop action packed story that follows the firey mouthed Ken Orobouros and his adventures into the cyberworld.
8 170 - In Serial14 Chapters
Questworld Union Of Underworked Adventurers
Questworld has ran out of quests. But the heroes still come. If are one of these unfortunate souls / stubborn fools, then why not consider a seasonal membership to the Questworld Union Of Underworld Adventurers (QUOUA). We provide breaking news, quest guides, tips, articles, workshops and maps to help you actually make a pittance from running around like a madman making dramas out of nothing whilst the rest of the Hive gets on with its boring peace and quiet. Act today and pay up. Our tavern bill is waiting. This isn't a cohesive story as such, and more of a jumbled mix of random articles and utter nonsense. In no way do you have to start at the first scroll. Just dip in anywhere and see if this is for you.
8 73 - In Serial8 Chapters
Man in Demon's Skin
“One million seventy-three thousand five, one million seventy-three thousand six, one million seventy-three thousand seven, one million seventy-three thou—eh?” A white light appeared. My sight’s coming back! It’s coming back! Finally, after one million seventy-three thousand seven and a half seconds, I can see! Wait, if I can see does that mean that I can speak? Hurriedly, I opened my mouth and said—no, shrieked, “I’M FREEEEEEEEE!!!”
8 204

